quinta-feira, junho 01, 2006

Audiência Pública sobre TV Digital


Dia primeiro foi realizada, na Assembléia Legislativa do Estado de São Paulo, uma audiência pública sobre a escolha do sistema de TV Digital. Compareceram cerca de 50 pessoas. Aqui vai um resumo do que cada um dos participantes da mesa falou:

Tiãozinho (deputado PT/ Comissão de Ética na TV): A opção não está sendo feita pelo povo, e sim pelos meios de comunicação. O processo deveria ser mais democrático, e, possivelmente, englobar outros países da América Latina. Estamos trocando pneu com o carro andando, precisa haver debate antes da escolha.

Simão Pedro (deputado PT/ Frente Parlamentar da Radiodifusão Comunitária): Setores pressionam para criar aquela história de fato consumado, de que o padrão japonês já está decidido e não tem mais jeito. Não é bem assim, a sociedade precisa discutir.

José Guilherme (Associação Brasileira de Rádios Comunitárias): Primeiro, não estamos discutindo TV Digital, e sim digitalização da comunicação. Os mais de cinco mil municípios brasileiros são retransmissores de bairros de SP e RJ, numa linguagem norte-americana, ainda por cima. Se 1% das pessoas detém 50, 60% da riqueza no Brasil, e já é um absurdo, e o caso da Comunicação, em que 0,00 e bota zero 1% detém 100%?!

Fred Redvi (Fórum Nacional de Democratização da Comunicação) – A decisão vem sendo esticada há meses, ou porque não se chegou a um acordo entre as partes ou pelo movimento contrário a essa decisão, que vem se fortalecendo. A concentração, que já é muito grande e dificulta cada vez mais o acesso a emprego, aumentaria mais ainda. Exemplo: a Bandeirantes fez um estudo que demoraria sete anos para se digitalizar, enquanto a Globo diz que até setembro conseguiria.

Assunção Hernandes (Congresso Brasileiro de Cinema): Já que o Executivo está inclinado ao padrão japonês, e o Legislativo está ignorando, temos que recorrer à Procuradoria Geral para evitar que esse crime seja cometido!

Guilherme Jerônimo (ENECOS) – A discussão está sendo insuficiente, temos que levá-la a toda sociedade, não só a ambientes fechados e corredores. O Ministério das Comunicações está usando a TV Digital como moeda de troca política.

Michele Prazeres (Associação Brasileiras de ONG´s) – O que está em jogo é uma questão política, a formação de opinião.Adiando a decisão, seria possível maior participação popular. Ninguém falou que existe um sistema brasileiro, só se fala nos outros três.

Diogo Moysés (Intervozes): O que está claro agora é como nossos políticos temem a Globo. No Congresso, de 500 e tantos parlamentares nem dez têm coragem de tomar uma posição. A Globo tem o lobby político mais forte do Brasil. Não há por que tomar a decisão agora. A China só vai decidir em 2008, muitos outros países estão começando agora.Todos eles definem primeiro o modelo que querem, e depois a tecnologia. A sociedade não faz a mínima idéia do que está em jogo, é preciso informá-la. Desde a entrada de Hélio Costa (o homem da Globo) no Ministério, não há interação entre sociedade civil e governo. Comunicação é direito, não é serviço.