Sobre o 8 de Março
Texto produzido pelo Grupo de Estudo e Trabalho de Combate às Opressões da Executiva Nacional dos Estudantes de Comunicação Social
Reconhecemos o dia 8 de março como Dia Internacional da Mulher. Mais do que uma data festiva para a promoção de shows, distribuição de flores e bombons, o dia traz em si uma origem de reivindicações, lutas, greves, passeatas e perseguições. Simboliza, antes de mais nada, a busca da igualdade entre homens e mulheres. Uma luta cotidiana contra a subordinação, a inferiorização, os preconceitos e as limitações que vêm sendo impostos socialmente às mulheres.
Como todas as reivindicações específicas, o combate à desigualdade entre os gêneros é parte de uma luta maior, pautada pela luta de classe, que travamos cotidianamente pelo fim da sociedade desigual. A luta da mulher não pode vir dissociada dessa maior. Não há como pensar em emancipação da mulher, assim como de qualquer ser humano, enquanto existir esse sistema baseado na exploração do homem pelo homem. A cultura da homofobia, do racismo, do machismo, assim como várias outras preconceituosas e rasteiras são reproduzidas por esse sistema perverso através de seus vários instrumentos: os meios de comunicação, que retratam a mulher, na maioria das vezes, como instrumento de prazer para o homem; a saúde, que não garante à mulher o direito de aborto seguro; a violência física e psicológica que a mulher sofre dentro e fora do lar; o Estado, a Escola, as nossas famílias e outras esferas do cotidiano que reproduzem a cultura de incapacidade da mulher de realizar certas atividades, da inferioridade biológica, da fragilidade e da servidão ao homem. As reivindicações devem e precisam se unir para garantir que os indivíduos se percebam enquanto sujeitos históricos e transformadores da realidade em que vivem.
Quanto à origem da data, uma versão se firmou e vem sendo perpetuada: a de que o dia 8 de março remete a uma greve realizada em Nova Iorque em 1857, na qual 129 operárias teriam morrido depois de os patrões terem incendiado a fábrica ocupada. Já outra versão desconsidera o incêndio da fábrica e admite a possibilidade de o 8 de março ter ganhado significado com uma greve das tecelãs de 1917 em São Petersburgo. Esta última teria gerado uma grande manifestação e dado início à Revolução Russa. Apesar de controvérsias sobre a origem do dia Internacional da Mulher, temos que admiti-lo enquanto momento de aglutinação de forças, de mobilização para luta contra a desigualdade de gênero.
A abordagem da mulher pela mídia é um tópico que merece atenção especial. Percebemos que os meios de comunicação de massa vêm aniquilando simbolicamente as mulheres, porque refletem os valores sociais dominantes na sociedade. Ou seja: há uma constante reprodução na mídia de como as mulheres são vistas e percebidas pela sociedade que consome essas produções. A mídia não adquire, assim, um caráter transformador, mas sim fortalece e perpetua o pensamento dominante. Comerciais relativos a produtos de limpeza ou para a cozinha, por exemplo, são destinados sempre a mulheres, "do jeitinho que elas aprovam". É constante o uso do corpo da mulher como objeto para a venda dos mais diversos produtos: do desodorante às cervejas.
O Movimento Estudantil muitas vezes reproduz as diversas formas de opressão contra a mulher. Por isso mesmo não pode se furtar do debate da questão de gênero e deve lutar contra essa e qualquer outra forma de opressão. São avanços nessa luta os posicionamentos da ENECOS em 2007 como o Grupo de Estudo e Trabalho que discute a questão das opressões específicas; a organização dos setoriais e dos seus espaços de auto-organização, a realização de debates mistos sobre a questão de gênero, a garantia de creches nos fóruns da entidade, o avanço no debate da heteronormatividade.
Entendemos que as diversas esferas de nosso dia a dia exercem um papel relevante na manutenção da ordem vigente, satisfatória à minoria dominante. É no cenário atual de perpetuação da exploração dos (as) opressores (as) contra os (as) oprimidos (as) que a luta feminina nasce no sentido de buscar a transformação dessa realidade.
Entre no nosso site: http://www.enecos.org.br/
Para colaborar com o GET mande um e-mail para: opressoes@yahoogroups.com
Reconhecemos o dia 8 de março como Dia Internacional da Mulher. Mais do que uma data festiva para a promoção de shows, distribuição de flores e bombons, o dia traz em si uma origem de reivindicações, lutas, greves, passeatas e perseguições. Simboliza, antes de mais nada, a busca da igualdade entre homens e mulheres. Uma luta cotidiana contra a subordinação, a inferiorização, os preconceitos e as limitações que vêm sendo impostos socialmente às mulheres.
Como todas as reivindicações específicas, o combate à desigualdade entre os gêneros é parte de uma luta maior, pautada pela luta de classe, que travamos cotidianamente pelo fim da sociedade desigual. A luta da mulher não pode vir dissociada dessa maior. Não há como pensar em emancipação da mulher, assim como de qualquer ser humano, enquanto existir esse sistema baseado na exploração do homem pelo homem. A cultura da homofobia, do racismo, do machismo, assim como várias outras preconceituosas e rasteiras são reproduzidas por esse sistema perverso através de seus vários instrumentos: os meios de comunicação, que retratam a mulher, na maioria das vezes, como instrumento de prazer para o homem; a saúde, que não garante à mulher o direito de aborto seguro; a violência física e psicológica que a mulher sofre dentro e fora do lar; o Estado, a Escola, as nossas famílias e outras esferas do cotidiano que reproduzem a cultura de incapacidade da mulher de realizar certas atividades, da inferioridade biológica, da fragilidade e da servidão ao homem. As reivindicações devem e precisam se unir para garantir que os indivíduos se percebam enquanto sujeitos históricos e transformadores da realidade em que vivem.
Quanto à origem da data, uma versão se firmou e vem sendo perpetuada: a de que o dia 8 de março remete a uma greve realizada em Nova Iorque em 1857, na qual 129 operárias teriam morrido depois de os patrões terem incendiado a fábrica ocupada. Já outra versão desconsidera o incêndio da fábrica e admite a possibilidade de o 8 de março ter ganhado significado com uma greve das tecelãs de 1917 em São Petersburgo. Esta última teria gerado uma grande manifestação e dado início à Revolução Russa. Apesar de controvérsias sobre a origem do dia Internacional da Mulher, temos que admiti-lo enquanto momento de aglutinação de forças, de mobilização para luta contra a desigualdade de gênero.
A abordagem da mulher pela mídia é um tópico que merece atenção especial. Percebemos que os meios de comunicação de massa vêm aniquilando simbolicamente as mulheres, porque refletem os valores sociais dominantes na sociedade. Ou seja: há uma constante reprodução na mídia de como as mulheres são vistas e percebidas pela sociedade que consome essas produções. A mídia não adquire, assim, um caráter transformador, mas sim fortalece e perpetua o pensamento dominante. Comerciais relativos a produtos de limpeza ou para a cozinha, por exemplo, são destinados sempre a mulheres, "do jeitinho que elas aprovam". É constante o uso do corpo da mulher como objeto para a venda dos mais diversos produtos: do desodorante às cervejas.
O Movimento Estudantil muitas vezes reproduz as diversas formas de opressão contra a mulher. Por isso mesmo não pode se furtar do debate da questão de gênero e deve lutar contra essa e qualquer outra forma de opressão. São avanços nessa luta os posicionamentos da ENECOS em 2007 como o Grupo de Estudo e Trabalho que discute a questão das opressões específicas; a organização dos setoriais e dos seus espaços de auto-organização, a realização de debates mistos sobre a questão de gênero, a garantia de creches nos fóruns da entidade, o avanço no debate da heteronormatividade.
Entendemos que as diversas esferas de nosso dia a dia exercem um papel relevante na manutenção da ordem vigente, satisfatória à minoria dominante. É no cenário atual de perpetuação da exploração dos (as) opressores (as) contra os (as) oprimidos (as) que a luta feminina nasce no sentido de buscar a transformação dessa realidade.
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